Você sabe que gosto tem a saudade? Aquela saudade doida que machuca e faz a gente chorar bem baixinho pelos cantos ou então gritar, uivar como um animal ferido?
Você sabe o que é olhar para um céu cheio de estrelas e perguntar a cada uma delas: "Por onde andará o meu amor" ?
Você sabe o que é estar só e ver a lua se espelhar no mar e transformá-lo numa bandeja de prata que traz um convite para amar?
Você sabe o que é deixar o sol esquentar e beijar o seu corpo enregelado de solidão e ficar com raiva dele porque o calor e os beijos que você quer são outros?
Você sabe o que é voltar a lugares onde já esteve e onde cada pedra, cada canto, cada sombra traz recordações, e o coração começa a apertar cada vez mais e mais...?
Você sabe o que é ficar suspenso no tempo e no espaço, porque deixou de usar relógio e calendário e só vivia de um encontro a outro e agora nada mais há para marcar o passar do tempo?
Você sabe o que é sentir a vida escoar-se devagarinho do seu corpo e da sua alma sem ter vontade nem razão para retê-la?
Querem me levar daqui para terras distantes e frias onde o céu raras vezes é azul e o sol é avarento. Esse negócio de céu azul só de vez em quando é muito ruim porque a gente quer aproveitar e botar o coração em festa e nem sempre pode, assim de encomenda.
Aqui é fácil porque o céu é sempre azul e se um dia estou triste e ele estiver cinzento não me incomodo por que sei que no dia seguinte o azul estará aqui novamente e poderei cantar com ele.
Como preciso do céu azul e do calor e também das noites estreladas! Este mundo de estrelas, que só encontro aqui, que conversam comigo, me contam histórias e dão vontade de amar. Amar, às vezes, nem mesmo uma determinada pessoa, apenas amar por amor ao amor.
Amor é bom, mesmo quando é triste e faz sofrer. A gente sofre mais vive. Sabe porque vive e para quê. A vida sem amor é pobre e inútil. É fria. Como aquelas terras distantes para onde querem me levar...
Texto do livro:
Folhas soltas de um diário.